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domingo, 10 de março de 2013

Como dizer verdades num mundo que prefere mentiras


“As amizades começam em mentiras e terminam em verdades”.

(Guilherme Policena de Almeida)


               Pus a prova essa sentença e ela se mostrou verdadeira. Na verdade a palavra mentira pode ser substituída por segundas intenções. A razão para essa modificação ficará clara em outra postagem que pretendo fazer. A seguir descrevo brevemente uma experiência pessoal, que me permitiu inferir esse resultado.
            Há 3 anos atrás eu residia em outro estado, dessa forma, a maneira pela qual eu ainda mantenho contato com meus amigos e conhecidos de lá se dá através de redes sociais, telefone e e-mail. Acontece que, numa conversa casual via internet, após eu postar algo que ia de encontro as visões de uma garota com a qual eu conversava, ela veio pedir-me esclarecimentos bem como defender seu ponto de vista, o que é algo bastante natural e também saudável de ser feito. Contudo, por tratar-se de um tema delicado, réplicas podem não ser bem aceitas. Ciente disso, quando ela cobrou-me um parecer após as suas justificativas eu falei que era melhor não, pois as amizades começam em mentiras e terminam em verdades. Pareceu-me que ela ficou perplexa, talvez até horrorizada, primeiro porque ela possui muita fé na bondade do Ser Humano e segundo porque ela percebeu que, conforme eu havia acabado de falar a nossa amizade havia começado com mentiras e seguindo sua intuição de que o Ser Humano é bom tratou de tentar negar ao máximo essa minha premissa. Eu então discorri sobre o post, ela continuou a defender seu ponto de vista e ao final, como é de praxe nesse tipo de discussão ela não se rendeu nem tampouco eu me rendi. Após isso, passei a citar as circunstâncias da origem da nossa amizade e como era meu interesse testar a hipótese de que as amizades começam em mentiras e terminam em verdades, decidi dizê-la por completo. Ela (a garota), todavia é bastante sagaz e por muitas vezes tentou encurralar-me, mas eu me “livrei do laço do passarinheiro”. Certamente eu a choquei com o que acabava de dizer, mas ela permaneceu firme e ao final de nosso extenso diálogo ela com um tom humorístico disse: “A nossa amizade não chegou ao fim né? :-)” eu respondi que no que dependesse de mim, não havia terminado. O mais interessante nisso tudo é que embora eu tenha tentado manter o vínculo, puxando conversa em outras ocasiões ela não o fez pelo que, eu presumo que nossa amizade chegou ao fim. O que vem a confirmar minha hipótese. Em outra ocasião pretendo discorrer mais um pouco sobre esse tema, quando falar sobre a origem das relações de afetividade na sociedade.



O fato é que como disse House:

“As pessoas dizem preferir a verdade, mas não as aceitam quando vão contra aquilo em que acreditam”
E

“Todo mundo mente”
                 
            No entanto, a verdade é sempre mais digna, não digo isso apenas por se tratar  do politicamente correto, mas por ela ser uma coisa que acontece com naturalidade, é algo espontâneo não algo forçado tal como na natureza os fenômenos seguem transições espontâneas, não forçadas é assim por exemplo na transferência do calor. Naturalmente ele se dá devido a diferença de temperatura entre dois corpos a distintas temperaturas indo do corpo de maior temperatura para o de menor, isso não significa que o contrário não possa ocorrer, apenas que naturalmente não ocorre precisando de um agente externo que assim o faça (é assim que os refrigeradores funcionam). O nosso corpo possui o que eu diria de “inércia”, não no sentido físico do termo conforme a segunda lei de Newton, para mentiras, ou seja, a boca fala uma mentira, mas o corpo aponta que o que foi dito foi uma mentira por possuir essa “inércia” (resistência em alterar seu estado de dizer a verdade). Em suma, o corpo dá sinais quando uma inverdade é dita (Nisso se baseia o seriado Lie to Me). Ao final do texto vai um link sobre um post intitulado “Como detectar mentiras*”.
                
                   No momento oportuno falarei sobre a mentira, mas nesse post, só me dedicarei a verdade, mais precisamente em como devemos dizê-la, caso você deseje não ser mal interpretado ou preservar amizades. Possivelmente, embora eu tenha dito somente a verdade para a garota, a maneira como eu disse não foi das mais convenientes. Devemos também ter por base a primeira citação de House. A seguir apresento uma fábula, da qual desconheço o autor.


Fábula da verdade
A parábola oferecendo uma de suas belas vestes para a verdade que se encontrava nua

“Um dia, a Verdade andava visitando os homens sem roupa e sem adornos, tão nua como o seu nome... E todos que a viam viravam-lhe as costas de vergonha ou de medo e ninguém lhe dava as boas-vindas.
Assim, a Verdade percorria os confins da Terra... rejeitada e desprezada. Uma tarde, muito desconsolada e triste, encontrou a Parábola, que passeava alegremente, num traje belo e muito colorido...
- Verdade, por que estás tão abatida? - perguntou a Parábola.
- Porque devo ser muito feia já que os homens me evitam tanto!
- Que disparate! - riu a Parábola - não é por isso q os homens te evitam... Toma, veste algumas das minhas roupas e vê o que acontece...
Então a Verdade pôs algumas das lindas vestes da Parábola e,de repente,por toda a parte onde passava era bem-vinda...

Sabe por quê?
"Os Homens não gostam de encarar a Verdade nua... “Eles a preferem disfarçada”!


  Nessa fábula está a chave para se dizer a verdade de modo conveniente. Na verdade uma fábula tem por finalidade mascarar uma verdade inconveniente dando a ele um sabor mais doce, pois sem isso ela seria intragável e portanto não seria digerida. Ninguém foi melhor nesse aspecto do que Jesus Cristo, o qual se utilizou de parábolas com muita frequência (Mt. 13.10-15)  e quando perguntado por que falava mediante parábolas ele respondeu: "A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos céus, mas a eles não.  A quem tem será dado, e este terá em grande quantidade. De quem não tem, até o que tem lhe será tirado. Por essa razão eu lhes falo por parábolas: " 'Porque vendo, eles não veem e, ouvindo, não ouvem nem entendem'. Neles se cumpre a profecia de Isaías: " 'Ainda que estejam sempre ouvindo, vocês nunca entenderão; ainda que estejam sempre vendo, jamais perceberão.Pois o coração deste povo se tornou insensível; de má vontade ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos. Se assim não fosse, poderiam ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, entender com o coração e converter-se, e eu os curaria'. Ou seja, é necessário muita prudência e sabedoria para dizer o que se quer parecendo que não o disse. Como exemplo analisemos uma situação:


Uma jovem Cristã que vivia num país em que não era permitido nenhuma forma de expressão religiosa, ia a um culto escondido, contudo enquanto ela se destinava ao lugar onde ele seria realizado, um soldado a abordou e perguntou aonde ela estava indo. Ela foi tomada pela surpresa, mas rapidamente se recompôs e pensou rapidamente: ”Eu não posso mentir, mas também não posso entregar o grupo religioso. O que fazer então?” quando o soldado perguntou novamente ela respondeu: “Eu vou a casa do meu pai, porque o meu irmão mais velho faleceu e lá iremos ler o seu testamento”. Ao ouvir tal resposta, o soldado deixou que ela prosseguisse sem nenhum impedimento.

Para qualquer um que conheça a doutrina Cristã, tudo o que foi dito pela jovem está de pleno acordo com tudo o que ela acredita e dessa forma disse o que queria parecendo que não o disse.
           Para finalizar esse post que já está num tamanho considerável, citarei o caso de Galileu Galilei. No ano de 1632 Galileu publicou uma obra de importância monumental intitulada: “Diálogo sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo”. Nesse livro, Galileu expõe dois sistemas, a saber, o sistema Geocêntrico de Ptolomeu e o sistema Heliocêntrico de Copérnico. O livro foi escrito sob a forma de um diálogo como o próprio nome o diz. Trata-se de uma conversa entre 3 pessoas sendo que apenas duas debatem e o terceiro é meramente um mediador para dizer quem foi melhor na argumentação. Tal livro foi escrito a pedido do Papa Urbano VIII, para que fossem difundidos os dois pontos de vista, todavia, era preciso que o sistema de Copérnico fosse exposto apenas como uma alternativa matemática e que fosse dito explicitamente que o sistema de Ptolomeu era o correto. Galileu “cumpriu” essas exigências, contudo o personagem (Simplício) que defendia a visão do Papa era o tolo da história e inclusive se utilizava dos mesmos argumentos defendidos pelo papa, para os quais o personagem (Salviati) que defendia a visão de Copérnico e por extensão de Galileu, sempre tinha uma explicação para todos eles.
Galileu Galilei perante o Tribunal da Inquisição
              
               Após essa publicação o Papa Urbano VIII que era amigo de Galileu transformou-se em seu inimigo e Galileu foi levado ao Tribunal da Inquisição. Lá ele foi obrigado a se retratar ou seria morto tal como foi Giordano Bruno em 1600. Porém, entrou para a coleção de lendas da Ciência o que Galileu havia murmurado após assinar sua retratação: “Eppur si muove” que significa “ e no entanto ela se move”, fazendo referência aos movimentos da Terra.
                Galileu foi condenado a prisão domiciliar e passou os últimos dez anos de sua vida em cárcere privado, no entanto, ao fim Galileu saiu vitorioso, pois já em 1638 escreveu o livro: Discurso sobre duas novas ciências”, o qual foi publicado na Holanda. Tal livro é a obra prima de Galileu, pois nele ele fundamenta todas as bases da mecânica sobre a qual Newton construiria seu imponente edifício.
                No caso de Galileu, podemos dizer que ele não foi covarde, ele apenas percebeu que naquela época as pessoas não estavam preparadas para ouvirem a verdade e que seu sacrifício teria sido em vão, sendo muito melhor que ele retratasse publicamente, mas permanece com suas ideias consigo mesmo podendo escrever um livro ainda mais completo.

A seguir exponho um texto que escrevi ano passado sobre a vitória de Galileu:

O Dedo de Galileu
Dedo médio de Galileu exposto em museu

Ó Galileu, pai da Ciência moderna
Além de criar o método Científico moderno, colocou-o em prática, diferentemente de Francis Bacon.
Injustiçado fostes e aprisionado ficaste os últimos dez anos de tua vida
As grades e correntes de tua prisão encarceravam teu corpo, mas não podiam fazer o mesmo com tua mente.
Duro golpe levaste ao ficar cego.
Que ironia!! O homem que abriu os olhos da humanidade, que observou milhões de quilômetros no espaço, teve como em suas próprias palavras “...Tornei-me de um mês para cá, completamente cego... aquele mundo e aquele universo, que eu com minhas maravilhosas observações e claras demonstrações ampliei em cem e mil vezes mais do que acreditaram comumente os sábios de todos os séculos passados, agora para mim está tão diminuído e restrito, que não é maior que aquele ocupado por minha pessoa”
Galileu, o título de teu livro de 1610 é um adjetivo que lhe cabe (Sidereus Nuncius) o mensageiro das estrelas.
Teu papel foi preparar o terreno do saber para que Newton semeasse em abundância.
Quando morreste, não deixou a Terra órfã por muito tempo de um gênio de teu quilate.
Depois de 361 dias nasce Isaac Newton e a escuridão em que ficou o mundo com tua partida foi suplantada por uma luz estarrecedora.
Por 95 anos foste rejeitado, sepultado em uma vala qualquer, quando então teve seu corpo exumado e transportado para a Basílica de Santa Croce.
Terá sido uma mera coincidência a escolha do dedo médio para ser retirado do teu corpo para ser guardado para a posteridade? Ou uma conspiração do Universo para realizar uma última atitude de Galileu?
Em 1992, foi reconhecido que foste ultrajado e a igreja na pessoa do Papa pediu desculpas em público.
Tu não estás mais aqui, mas como último gesto de tua audácia, deixaste teu dedo a mostra. Logo o dedo médio, preservado através dos séculos, sempre a desafiar a Igreja e para servir de prova sobre quem foi realmente vitorioso.

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*Como detectar mentiras (Por Enigmático e Realístico)

Alexandrino

Um comentário:

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